Cerca de dois mil novos veículos circulam todos os meses pelas ruas de Londrina. Como resultado, cada vez mais pontos de congestionamento, motoristas impacientes e a sensação de que a cidade fica mais 'apertada' para tanto carro.
Segundo dados do Detran, Londrina contava com 293.658 veículos em junho, mês do último levantamento. Caso a média de crescimento mensal se confirme, a cidade deve fechar o ano superando a marca de 300 mil veículos, o que representa uma proporção de 1,7 habitante por veículo. Do total, 59% são automóveis, 22% motos e o restante se divide entre caminhões e tratores.
Em uma década, a frota londrinense cresceu 78,36%.
No Paraná, as duas cidades com maior proporção entre habitantes e veículos são Curitiba (1,42) e Maringá (1,46). O estado tem uma média de 1,99.
Alternativas
Para o professor de Engenharia de Tráfego da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Akishino, vários fatores influenciam na distribuição do fluxo de veículos nas cidades. Segundo ele, a melhoria não está necessariamente ligada à construção de novas vias, mas sim ao estudo da movimentação das pessoas. "O que ninguém neste país quer entender é que falta planejamento. Nos Estados Unidos, por exemplo, isto é feito desde a década de 30. Enquanto não soubermos qual é o ponto de partida e o destino das pessoas, não adianta nada abrir avenida, construir viaduto".
Para comprovar sua tese, Akishino aponta um cálculo que prevê um espaço de seis metros por veículo para o que trânsito flua com tranquilidade. Seguindo este cálculo, em Londrina seriam necessários 1.758 quilômetros de vias, sendo que a cidade conta com 2.134 quilômetros.
A gerente de trânsito do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), Cristiane Biazzono Dutra, concorda que o investimento em infraestrutura de vias feito de forma isolada não resolve o problema do trânsito. " É um circulo que não acaba mais, quanto mais veículos, mais ruas. É preciso que o poder público deixe de oferecer novas alternativas e priorize outros modos de transporte como forma de forçar as pessoas a migrarem. Mostrar que é possível reduzir gastos com combustível e o tempo de viagem".
Um estudo feito pelo Ippul em 2006 mostrava que 36% dos londrinenses se locomoviam de ônibus, enquanto 34% andavam com veículo particular (carro e moto). Outros 24% se locomoviam a pé e apenas 6% de bicicleta.
Transporte público
Em relação ao transporte de massa, a ação que mais colaborou para desafogar o trânsito de Londrina foi a criação de faixas exclusivas para ônibus, eliminando vagas de estacionamento. A iniciativa começou em abril de 2010 pela rua João Cândido, sendo implantada também na avenida Duque de Caxias e mais recentemente nas avenidas Rio Branco, Winston Churchill e Francisco Gabriel Arruda, ligando a região central da cidade até a avenida Saul Elkind, na zona norte.
Segundo o diretor de trânsito da CMTU, Wilson de Jesus, a medida proporcionou uma economia de até 17 minutos no trajeto em horário de pico. No total, são 11 quilômetros de faixas exclusivas na cidade. "É um projeto consolidado, com avaliação positiva e aprovação de 80% dos usuários. Já estamos fazendo levantamentos para identificar quais serão as próximas vias contempladas".
A médio prazo, o Ippul tem como projeto um grande sistema de trânsito rápido para ônibus, conhecido como Bus Rapid Transit (BRT), com utilização de canaletas exclusivas e pontos de embarque elevados, que otimizam a entrada e saída de passageiros em veículos biarticulados.
O projeto deve constar no Plano de Mobilidade Urbana, que o Estatuto das Cidades exige de municípios com mais de 500 mil habitantes, marca atingida por Londrina no último censo.
Fonte: Bonde
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