segunda-feira, 29 de agosto de 2011

SID

A equipe do Sistema de Internação Domiciliar (SID) de Londrina será reduzida de 38 pessoas para 14 e pode comprometer o atendimento de pacientes. A informação foi repassada por um comunicado distribuído durante reunião do Centro de Direitos Humanos de Londrina (CDH), realizada no sábado. Os funcionários dizem que os atendimentos serão feitos por uma equipe mínima composta por três enfermeiros, sete auxiliares de enfermagem, três médicos e um assistente administrativo.

Desde o dia 19 uma ordem dos gestores estabeleceu a suspensão de admissões de novos pacientes e a capacidade total para 135 pessoas foi reduzida para 106. Atualmente o SID opera com plantão noturno e a equipe mínima não prevê isso, fazendo com que na eventualidade de uma intercorrência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) seja acionado, sobrecarregando o sistema e contribuindo com a superlotação dos hospitais.

Os funcionários alegam que não está prevista na nova equipe a substituição de dois motoristas que se revezam para o transporte de pacientes acamados para consultas especializadas, exames, fisioterapia, quimioterapia e cobaltoterapia. Eles explicam que alguns desses pacientes são dependentes de oxigênio e necessitam de transporte especializado.

Outro problema apontado é que existem pacientes com necessidades de aparelhos de suporte ventilatório não invasivo e que precisam de monitoramento de profissionais com treinamento específico. Caso aconteça alguma intercorrência existe o risco de retornar os pacientes aos hospitais de origem.

Os funcionários dizem que haverá risco de sobrecarga dos funcionários e também aponta que a equipe mínima não prevê nenhum membro do serviço psicossocial que atua diretamente junto aos pacientes e seus familiares nas questões psicológicas, o que pode comprometer a manutenção do paciente no domicílio.

No dia 23 de agosto foi publicada a portaria 2029 no Diário Oficial da União que institui a Atenção Domiciliar no âmbito do Serviço Único de Saúde. Para obter recursos relacionados a isso, o Município terá de adequar suas equipes conforme os critérios estabelecidos pelo Governo Federal. Um concurso deverá ser realizado para substituir os funcionários, que estão aflitos com a notícia.

Eles propõem que um teste seletivo com duração de um ano seja realizado e que o posterior concurso público para as vagas do SID valorize a experiência profissional na área. Eles também pedem que os contratos emergenciais assinados com a prefeitura no início de junho sejam prorrogados até a finalização do processo seletivo. Os contratos foram firmados depois da ruptura dos contratos com as Oscips Gálatas e Atlântico.

A enfermeira da Secretaria de Saúde, Ângela Lima, informa que existe um parecer da procuradoria do município que diz não ser possível a prorrogação dos contratos emergenciais por mais de 90 dias. Ela conta que a secretaria tem feito um esforço para tentar recompor as equipes, mas depende de votação de projeto na Câmara. Ela garante que o SID não irá acabar, mas sobre a municipalização ela disse tratar-se de uma questão definitiva.

A psicóloga Eliana Santos faz parte da equipe do SID e está preocupada com o seu futuro e também com o de seus pacientes. '' Trabalhar com uma equipe completa já é difícil, imagine com uma equipe reduzida'', expõe.

Sílvio Milani, de 42 anos, é pai da Júlia Vitória, de três anos, paciente do SID. Ele conta que sua filha teve complicações no parto e desde então necessita de atenção especial, pois se alimenta por meio de sonda e o alimento que recebe custa R$ 180 cada lata. ''Minha filha consome doze latas por mês e sem o SID como vou custear tudo isso?'', questiona Milani.

O coordenador do Centro de Direitos Humanos de Londrina, Carlos Enrique Santana, diz que a situação da saúde complica mais a cada dia. ''A prefeitura quer apagar os escândalos de corrupção colocando em pauta as questões do comércio e acaba desviando a discussão sobre os problemas da saúde, que enfrenta falta de médicos'', comenta.

Vítor Ogawa

Reportagem Local

Um comentário:

Val Coelho disse...

Valeu Carlos, obrigada!!!