sexta-feira, 26 de agosto de 2011

COBRADOR OU VEREADOR?

Dois episódios concretos nessa controvertida Londrina estão mostrando com todas as cores como o eleitor-cidadão é apenas um coadjuvante da vida política da Cidade e como é completa e arbitrariamente alijado das decisões que afetam o seu dia a dia fora do período eleitoral.

Um deles é a polêmica extinção do cobrador de ônibus, "sonho de consumo" das duas empresas que operam o serviço de modo terceirizado pela Prefeitura. A medida recebeu sinal verde do órgão municipal, a CMTU, que regulamenta o sistema, e pode ser implementada a qualquer momento. Com ou sem gritaria dos trabalhadores e do seu sindicato, o Sinttrol.

Uma indústria fechada

É difícil achar um londrinense a favor da extinção do cobrador nos ônibus. Em parte, seguramente, para preservar os 500 trabalhadores hoje com o emprego a prêmio por conta da medida. Afinal, são quase três mil pessoas dependentes direta e indiretamente desses valiosos postos de trabalho (número equivalente ao de uma indústria de grande porte).

Por mais que as empresas jurem que manterão os empregos, é lógico raciocinar que a médio prazo a medida resultará em cortes. Alguns profissionais poderão ser realocados em outras funções, mas não há sentido em conceber que se queira eliminar a função e manter intacta a folha de pessoal. Qual seria então a razão para se ter um serviço pior?

O londrinense tem um motivo ainda mais forte para repudiar a "novidade": preservar a qualidade do serviço utilizado diariamente por 80 mil usuários. É insano imaginar que o motorista possa ser tão polivalente a ponto de dirigir, cobrar tarifa, fazer troco, auxiliar portadores de deficiência. Tudo ao mesmo tempo.

Não é uma medida qualquer, inócua na vida da comunidade. Estamos falando em quatro milhões de passageiros utilizando todos os meses os 397 ônibus que percorrem 122 linhas de norte a sul, de leste a oeste da Cidade.

Caros representantes

Se não é ouvido quando rejeita a mudança no transporte urbano, o londrinense também é ignorado quando se indigna com a proposta de elevação do número de vereadores, projeto em desabalada carreira na Câmara.

Por que razão a Cidade precisaria de mais vereadores, elevando os gastos com um Poder mergulhado em denúncias de improbidade e favorecimento próprio nos últimos anos? O que justificaria a necessidade desse investimento bancado pelos impostos do cidadão, já bem cansado do peso dos abusos federais, estaduais, municipais.

Em 48 horas, cinco mil assinaturas contra o aumento de cadeiras na Câmara foram recolhidas por apenas um grupo. Uma pequena amostra do que pensa o londrinense. Que é eleitor, mas não cidadão.
Fonte: Londrix - Ruth Meira

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