segunda-feira, 8 de agosto de 2011

HORÁRIO DO COMÉRCIO

A Igreja Católica de Londrina se colocou contrária à flexibilização do horário do comércio. O assunto será discutido nesta segunda-feira (8) em uma audiência pública convocada pela Câmara Municipal de Londrina, dentro da discussão do novo Código de Posturas.O assunto é polêmico e vem gestando intenso embate entre a classe trabalhista, representada pelo Sindicato dos Empregados no Comércio de Londrina (Sindecolon), e a classe patronal e empresarial, do Sindicato do Comércio Varejista de Londrina e Região (Sincoval) e Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil).

Na manhã desta segunda-feira (8) em entrevista à rádio Paiquerê AM, o arcebispo de Londrina, Dom Orlando Brandes defendeu a manutenção do horário do comércio como é praticado atualmente – de segunda a sexta-feira das 8h às 18h e das 9h às 13h nos sábados, com exceção do segundo sábado do mês quando é estendido até às 18h.

Ele acredita que a Igreja deve interceder pelos trabalhadores, o lado mais fraco da discussão, pensando que o debate não se limita aos ganhos mateiais e físicos, mas também espirituais. Dom Orlando sabe que o interesse dos comerciantes é válido, mas pede que os anseios do mercado que só visam o lucro sejam subjugados nesse momento.

"Nós olhamos para o lado religioso, o lado também dos que já são trabalhadores. Porque eles nos atestam que no tempo do Natal, quando exatamente o comércio vai até às 20h, às 22h, ninguém suporta tanto cansaço, tanto estresse. Nessa mudança que se põe sobre o trabalho, nós temos que considerar não somente novos empregos, que é uma coisa muito boa, mas quem sai ganhando é sempre o mercado, a onipotência do mercado", colocou.

Segundo o arcebispo, a proposta mais adequada era que se atraísse novas indústrias para Londrina e que os novos empregos surgissem desse aumento de investidores. Ele pondera que é preciso olhar para as famílias, para a religião, para os pequenos em uma época em que a desigualdade social continua crescendo.

Além da Igreja Católica, outras religiões já se colocaram contra a mudança do horário do comércio. Se as lojas ficassem abertas até às 20h, como é colocada em uma das propostas, as igrejas defendem que os fiéis não teriam tempo para frequentar as missas e cultos, prejudicando a alma e causando apenas o estresse na população.

"Se nós fizéssemos um plebiscito, o povo iria votar contra, porque isso é interesse de uma parte da sociedade, não é o interesse da população. Porque o povo que é religioso, que tem compromisso com as famílias, que tem as dores e os sofrimentos espirituais e psicológicos, ele não vai ser o protagonista dessa proposta", acredita.

Nas homilias, os padres da arquidiocese estão conclamando a assembleia a estar presente na audiência pública e defender o interesse dos trabalhadores de que se mantenha o horário praticado atualmente.

Com informações da rádio Paiquerê AM.


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