terça-feira, 3 de maio de 2011

SOS ANIMAL

Vitório é um pequeno cão vira-lata muito simpático. Certa noite ele foi atingido por um portão eletrônico e teve um grave ferimento na pata dianteira esquerda. Um voluntário da entidade SOS Vida Animal achou o animal no lixo. Isso mesmo que você leu: depois do acidente, alguém jogou o cachorrinho ferido na lata de lixo. Levado ao veterinário, Vitório teve a pata amputada. Eternamente grato pela ajuda recebida, acabou sendo adotado por uma senhora e hoje vive feliz no lar que sempre sonhou em ter.

“O Vitório se tornou o nosso mascote, um símbolo de superação”, diz o empresário Milton Pavan, presidente da organização SOS Vida Animal. Desde 1989, a entidade realizou milhares de resgates, atendimentos, doações, castrações e campanhas em prol dos animais que vivem na cidade. Esse trabalho de 22 anos ganhou o reconhecimento do público no Prêmio Nossa Gente de Londrina, do JL: o SOS foi escolhido como a iniciativa de maior destaque na categoria Meio Ambiente.

A popularidade do SOS Vida Animal tem consequências. Por um lado, as pessoas veem a entidade como uma referência na proteção aos animais em Londrina. Mas, ao mesmo tempo, muitos ainda não compreendem os limites e dificuldades do trabalho voluntário. O celular de Milton Pavan toca o dia inteiro, sem parar. “As pessoas não dão nem bom dia e já vão mandando a gente buscar um cachorro em tal endereço”, conta Pavan, que participa do SOS desde a fundação. “Em 22 anos de trabalho, resgatamos mais de 50 mil animais, fizemos milhares de atendimentos, castrações, feiras, eventos e campanhas de adoção, mas a situação pouco mudou, as pessoas continuam vendo o SOS Vida Animal como um órgão público que tem a obrigação de pegar animais abandonados”, diz o presidente da ONG.

Na verdade, o SOS Vida Animal é uma organização independente, mantida pelo empenho pessoal de alguns poucos voluntários, não mais de 20. “Temos mudado o nosso foco. Não adianta priorizar o resgate de cães e gatos: não vamos ter lugar para todos”, afirma Pavan. “Nosso trabalho agora está centrado em duas palavras: educação a responsabilidade.”

Atualmente o principal objetivo da SOS Vida Animal é desenvolver um projeto de longo prazo – para os próximos dez anos – e implantar nas escolas da cidade uma disciplina que trate da relação entre o homem e a natureza. Seria um canal para incentivar a posse responsável e o respeito aos animais, com efeitos positivos na saúde pública – afinal, um cão abandonado pode transmitir doenças.

“O SOS Vida Animal não é o salvador da pátria nem é financiado pelo poder público”, observa Milton Pavan. “As pessoas precisam entender que adotar um animal é uma decisão importante. Quando você recebe um animal em sua casa precisa se responsabilizar por ele. Não pode simplesmente descartá-lo e achar que o poder público vai resolver.”

Enquanto Milton Pavan explica a real função do SOS Vida Animal, seu celular toca. É um rapaz que vai mudar para Curitiba e quer doar dois cachorros. Se não conseguir, pretende deixá-los na rua. Pavan diz ao interlocutor que o SOS já tem 180 cães à espera de adoção. Ao final do telefonema, o voluntário desabafa: “Educação e responsabilidade. Não existe outro caminho”.

Ninguém sabe quantos cães vivem nas ruas de Londrina

Há cerca de dois anos, o empresário Milton Pavan estava passando pela Rua Sergipe, por volta das onze e meia da noite, quando viu uma cadela ferida na calçada. “Ela levantou a cabeça e me olhou como se estivesse dizendo: ‘Olha o que fizeram comigo’”. Brenda havia sido atropelada pouco antes. Imediatamente, Pavan colocou-a em um cesto e ligou para uma amiga veterinária. Quando a cadela estava na mesa de cirurgia, chegou a notícia de que ela havia dado à luz, dias antes, a 12 cachorrinhos. Pavan buscou os filhotes e levou-os à clínica veterinária. Por volta das três da manhã, Brenda, já com uma das patas dianteiras amputadas, amamentava os 12 cãezinhos. Dias depois, todos foram adotados – inclusive Brenda.

Ninguém sabe quanto cães vivem nas ruas de Londrina. “Podem ser 30 mil, 25 mil, 20 mil, mas o número exato ninguém sabe”, diz Pavan. Mas o problema existe e só pode ser controlado com a castração e vacinação desses animais – para evitar que eles se multipliquem e transmitam doenças.

Uma situação bastante comum é a dos cães semidomiciliados. “São cães que passam a maior parte do tempo na rua, mas recebe cuidados de algumas pessoas” explica Pavan. “O mesmo cão às vezes mora em diversas casas, onde lhe dão água, comida e abrigo. O que temos a fazer, no caso, é vacinar e castrar esses animais.”

A criação do Centro de Controle de Zoonoses – promessa da atual administração municipal – é uma antiga luta do SOS Vida Animal. Pavan afirma que o CCZ não é a tábua de salvação dos animais, mas poderá ajudar bastante. “O Centro de Zoonoses não deve ser um lugar para simples recolhimento de animais abandonados, mas uma unidade que trata da correlação homem-animal. Deve ser um lugar agradável, que possa ser visitado pelas pessoas, principalmente crianças em idade escolar. Um lugar em que as pessoas recebam orientações sobre os animais, como eles devem ser tratados e protegidos.”
Fonte: JL

Nenhum comentário: