domingo, 5 de junho de 2011

CARTA ABERTA A UM POLÍTICO CORRUPTO

Excelentíssimo Senhor Político Corrupto

Permita-me invadir sua caixa de correspondência; estava um pouco em dúvida se deveria fazer isso, afinal, sou uma cidadã educada, mas me lembrei das inúmeras vezes em que seus cabos eleitorais lotaram a minha caixinha com seus “santinhos” e julguei que também estava no direito de encher a sua paciência.

Sei que V.Exa. é um homem ocupado; ocupado com seus interesses, com seus golpes, com seus esquemas, com suas fraudes, enfim, um homem que usa seu tempo e o nosso dinheiro para cumprir sua missão. Entretanto, peço que dê um pouco da sua atenção a esta sua eleitora, a mesma a quem suplicou por votos na última eleição.

Ao contrário do senhor e dos seus pares, que costumam ser prolixos em seus discursos, irei direto ao ponto: gostaria de lhe pedir para, por alguns minutos, imaginar-se no lugar de um cidadão brasileiro comum, alguém que apenas deseja viver em país com menos gente da sua laia.
Imagine-se, senhor político corrupto, na fila de um posto de saúde, às cinco da manhã, esperando por um atendimento que talvez nem aconteça; imagine-se, caro político (bem caro mesmo!), vivendo – ou sobrevivendo? – com R$ 545,00 mensais; imagine seu filho estudando em uma escola sem professores, sem carteiras, sem dignidade; imagine sua esposa sendo assaltada em um bairro onde não há policiamento por falta de viaturas; imagine, imagine, imagine…

Não sei da sua origem, senhor. Não sei se já nasceu em berço esplêndido ou se nasceu pobre, puxou o tapete de meio mundo e venceu na vida vendendo até a mãe.

O que eu sei, como brasileira, é que esse slogan de que o Brasil é um país de todos é uma grande mentira. O que sei, caro político corrupto, é que uma geladeira mais cheia ou uma TV de plasma na minha sala não lhe conferem o direito de meter a mão nos cofres públicos.

Tenho consciência – o senhor já ouviu falar de “consciência”? – de que a responsabilidade por muitas das suas falcatruas é minha, afinal, votei na sua “nobre” pessoa. Por um momento, iludi-me de que Vossa Excelência de fato tinha bons propósitos. Fui uma idiota e reconheço que mereço 100 chibatadas.

Como não quero tomar seu tempo na mesma proporção em que o senhor toma o meu dinheiro, terminarei esta carta com um último pedido: à noite, depois que voltar daquelas festas regadas a bebida, mulheres e sabe-se lá mais o quê, e for repousar sua cabeça grande no seu travesseiro de penas de ganso, tente pensar um pouquinho em tudo o que o senhor faz.

Quer dizer… tente pensar em tudo aquilo que o senhor não faz… mas deveria fazer.

Um grande puxão de orelha desta cidadã que não tem mais o que fazer na vida.

Lu Oliveira

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