segunda-feira, 11 de abril de 2011

ONDA DE PROTESTOS EM LONDRINA

Londrina está vivendo uma onda de protestos. Só nos meses de fevereiro e março foram registradas pelo menos nove manifestações populares na cidade. Os cidadãos têm saído às ruas para protestar e reivindicar seus direitos.

A maioria das manifestações envolve problemas na saúde e na infraestrutura do município. De acordo com professor de ética e filosofia política da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elve Censi, os agentes da administração pública devem ficar alerta para esse fenômeno social.

''São movimentos legítimos da sociedade civil. É um momento em que a sociedade, de certa forma cansada, sai à rua para pedir melhorias nos serviços'', analisa. Censi afirma que esses movimentos envolvem questões mais dramáticas, nas quais a situação insustentável permite que o cidadão proteste. ''A saúde, por exemplo, chegou num estado nevrálgico.

A ausência de médicos, a demora no atendimento. A percepção popular é de que agora a saúde chegou ao fundo do poço'', analisa. O estudioso não acredita que esses protestos tenham origem partidária ou de cunho eleitoreiro. ''O prefeito tem feito comentários indicando uma ação de pré-candidatos, no sentido de boicotar sua campanha à reeleição. Eu creio que esses movimentos envolvem muito mais que mobilização eleitoral. É um fenomeno que não se reduz a acusações individuais'', acredita.

Já o sociólogo e cientista político Marco Rossi afirma que essas manifestações têm um fundo eleitoreiro, pelas características dos protestos. ''É nítido o desgaste da figura do prefeito. Tivemos aí três turnos. A insatisfação é generalizada. O povo absorve esses momentos de crise. E o pessoal que está envolvido na política se aproveita para beneficiar-se de alguma forma, até mesmo para uma possível candidatura'', afirma.

Ambos os especialistas defendem a postura adotada pela população em sair às ruas. Censi acredita que o fato de o povo entender que precisa exigir a aplicação efetiva dos seus direitos é um grande passo para garantir o estado democrático de direito no país. ''Geralmente a sociedade é apática, não reivindica e não aparece. Quando o governante não dá conta dos problemas, obviamente a sociedade precisa se manifestar. Isso desperta nas pessoas, e nos governantes, uma atenção maior para as questões de interesse público, o que é importantíssimo para uma democracia efetiva'', comenta. Para Censi a democracia não pode ser só uma formalidade, o cidadão vota e termina ali sua obrigação. ''O povo tem que participar ativamente, da forma mais democrática possível, mesmo que seja indo para as ruas.'' Marco Rossi também acredita que o fato da população provocar a discussão sobre o assunto já a habilita para um futuro promissor. ''No Brasil, ainda estamos muito longe de um processo de mobilização concreta a favor da cidadania. É preciso estar mobilizado nos bons e nos maus momentos.

Apesar do foco emergencial, é extremamente importante essa atitude. Ainda que seja por problemas pontuais, as manifestações são um ponto de partida para que a sociedade evolua'', afirma.

A reportagem tentou contato com o prefeito Barbosa Neto, mas sua assessoria de imprensa informou que não conseguiu encontrá-lo para comentar o assunto.

Vinícius Zanin

Reportagem local

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