O prefeito Barbosa Neto (PDT) admtiu ontem que sua mulher, Ana Laura Lino, participou de reunião com o secretário de Governo, Marco Cito, no começo deste ano, na qual foi determinado à secretária de Saúde, Ana Olympia Dornellas, que ocupava a pasta interinamente durante as férias do ex-secretário Agajan Der Bedrossian, que demitisse três servidores que ocupavam cargos de confiança. Até ontem - um dia depois que Ana Olympia admitiu em juízo a interferência de Ana Laura na Saúde - a administração negava o fato.
O próprio Marco Cito afirmou em juízo que a reunião ocorreu, mas negava que a primeira-dama estivesse presente. Ao ser questionado sobre a participação de Ana Laura neste encontro e sobre o fato de ela ter determinado a demissão dos três diretores, Barbosa tentou esquivar-se, mas acabou admitindo que ela estava presente. ''Quando fala Ana Laura, fala Barbosa Neto. Quem determina aqui é o prefeito. Indicar ou demitir todos os secretários ou diretores em cargos comissionados é uma prerrogativa do prefeito'', afirmou Barbosa.
O prefeito também tentou explicar porque a primeira-dama, que não tem cargo na administração, estava presente na reunião. ''A minha esposa é meu braço direito. Ela sempre me auxiliou muito aqui, fazendo seu papel efetivo de primeira-dama. Fui muito ético de não ter colocado a minha esposa em um cargo.''
Questionado se foi ele quem pediu que Ana Laura determinasse a Ana Olympia a demissão dos três servidores, Barbosa afirmou: ''Eu assumo todas as responsabilidades. Só não assumo em relação à participação de minha esposa na contratação dessas duas Oscips. Eu e ela erámos contrários à contratação de Oscips. Isso foi responsabilidade do Conselho de Saúde, cujos conselheiros 'colocaram' a faca no pescoço do prefeito afirmando que o Conselho era deliberativo.'' O conselho é apenas consultivo e os conselheiros explicam que não tinham poder de contratação. Quem assinou os contratos foi a administração municipal.
As Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) a que o prefeito se referiu são os institutos Gálatas e Atlântico, contratados em dezembro do ano passado, mas que se revelaram, segundo apurou o Ministério Público por meio da operação Antissepsia, núcleos que tinham por objetivo desviar recursos públicos. No caso do Gálatas, 15 foram denunciados e o depoimento de Ana Olympia foi dado em uma audiência do processo na qual foi arrolada como testemunhas.
Barbosa, que na tarde de ontem reuniu-se com Ana Olympia, disse que ela permanece na pasta. ''A não ser que ela queira sair.'' A secretária disse ter entregue ao prefeito cópia de seu depoimento, já que envolve Ana Laura, e que a conversa com ele foi tranquila.
Loriane Comeli
Reportagem Local
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