Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer (...)"
O soneto 11 de Camões nos leva a pensar como o amor é atemporal e indescritível. É evidente que a medicina e ciência moderna já conseguem precisar os hormônios relacionados ao sentimento amoroso, mas há sempre uma lacuna nas inesgotáveis explicações acerca do sentimento amoroso. As dúvidas começam na tentativa de explicar se, de fato, é o coração que sente as consequências do amar ou se é o cérebro o responsável pelas reações do ato.
Já se sabe, porém, que o corpo todo trabalha na mistura de sentimentos e que a responsabilidade pela boca seca, olhos brilhando e coração acelerado é inteiramente de hormônios e neurotransmissores produzidos pelo nosso organismo. Dentre eles, vale citar a ocitocina, adrenalina, testosterona, serotonina e endorfina, que provocam a sensação gostosa presente nos amantes.
Para a psicóloga e doutora em Psicologia Clínica Teresa Creusa Negreiros, "o amor é uma emoção nem tão sentimental quanto os apologistas do amor romântico pregam. O amor satisfaz as necessidades da pessoa. Necessidades essas que podem ser sexuais, espirituais e psicológicas. De qualquer maneira, o amor é uma emoção muito positiva porque traz à pessoa a fantasia de que suas necessidades estão sendo obtidas, que seus objetivos estão sendo atingidos. Faz bem ao ser humano partilhar sentimentos e pensamentos com outro".
Ao ver a pessoa amada, além do puro prazer de tê-la por perto, acontece uma série de reações no corpo. Sonia Brucki, vice-coordenadora do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), diz que "fisiologicamente, acontece uma ativação dos circuitos relacionados ao prazer quando se vê a pessoa amada e o cérebro nos satisfaz com a sensação de recompensa. O mesmo circuito também é ativado em qualquer tipo de prazer como, por exemplo, comer alguma coisa gostosa ou pelo uso substâncias químicas". Sônia diz ainda que no caso da paixão essa ativação seria mais exacerbada e há respostas fisiológicas, como boca seca e taquicardia.
A paixão e o amor envolvem uma série de substâncias químicas responsáveis pelo nosso comportamento. A endocrinologista Christiani Poço explica que "as sensações que temos quando estamos apaixonadas são resultados da produção de hormônios por vários órgãos do corpo e de neurotransmissores, pelo cérebro. O impulso sexual, por exemplo, é de responsabilidade da testosterona, nos homens, e do estrogênio, nas mulheres. Alguns neurotransmissores, como a adrenalina, serotonina e a endorfina também contribuem no conjunto das sensações típicas do amor. Já a ocitocina, apelidada de ‘hormônio do amor’, é responsável pela criação de laços, pela afetividade, e é mais produzido na mulher do que no homem".
Amar faz dos amantes mais bonitos
Verdade. Christiani diz que ao amar alguém a autoestima é elevada e faz a pessoa se olhar por um prisma diferente do habitual. Não há, contudo, nenhuma substância cuja ação reflete diretamente no efeito beleza. Para Sonia Brucki, "quando se está amando, as pessoas ficam mais bonitas, por estarem mais alegres, mais vistosas, com gestual e interface emocional renovados".
Para completar, a psicóloga Teresa diz que "a satisfação que o amor proporciona produz jovialidade. Ela pode, às vezes, não ser bela, mas fica esplendorosa; ela acredita mais na vida, encara-a de forma mais positiva". (Fonte: Mais de 50)
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