Orgânicos ao alcance de todos
A certificação gratuita de produtores pode mudar o cenário do mercado orgânico na região, fazendo aumentar a produção e levando novos agricultores a aderirem ao sistema de produção
Maria Palma é a primeira produtora na região de Londrina a conseguir a certificação gratuita: ''Agora podemos ir atrás de quem valoriza os nossos produtos''
O processo de certificação pode demorar em média três meses; profissionais orientam os produtores
Custos elevados e falta de incentivo ao produtor e, consequentemente, preços altos e pouca variedade disponível ao consumidor. Problemas que emperram o crescimento do mercado de frutas, verduras e legumes orgânicos na região de Londrina podem estar com os dias contados. Os bons ventos vêm do Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos, cuja meta é fazer com que pequenos produtores consigam a certificação de sua produção a custo zero.
Financiado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) por meio das universidades estaduais do Estado do Paraná, do Fundo de Ciência e Tecnologia e do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), o programa pretende atingir em todo o Estado cerca de 300 produtores, dos quais 50 na região de Londrina. Entre esses, a primeira certificação acaba de sair para Maria Luiz Gomes Palma, 46 anos, proprietária de uma horta em Jaguapitã e de uma história de vida marcada por muita luta e determinação.
Assim como aqueles que não abrem mão de seus sonhos, Maria nunca perdeu a esperança de que um dia seu trabalho fosse reconhecido e ganhasse mercado. No ramo de hortaliças há quase 20 anos, a produtora começou a trabalhar aos poucos com a agricultura orgânica no início da década de 1990, mas entrou de cabeça na atividade quando seu filho caçula foi acometido por um grave problema de saúde.
Aos 3 anos de idade, Antonio Luiz Henrique desenvolveu paralisia dos membros e passou a ter diarréia e vômito diários. O garoto emagreceu ao extremo e chegou a ser desenganado, até que um médico deu a sentença: se a criança passasse a se alimentar de produtos naturais, sem nenhum tipo de conservante ou agrotóxico, poderia melhorar. Dona Maria - que anos antes tinha perdido uma filha com leucemia - não só seguiu à risca a orientação do doutor como mudou os rumos de sua atividade agrícola.
Na época, início de 2000, a família tinha acabado de herdar um sítio e a tentação de plantar soja era grande, pois o preço da oleaginosa estava disparado. ''Meu marido queria muito (investir em soja) e, por causa disso, pensei até em separação. Para mim, a agricultura orgânica era (e continua sendo) o único caminho para contribuir com a saúde do meu filho e de toda a população'', lembra.
Hoje, Elias Silveira Palma, 50 anos, abraçou a causa e é o braço-direito da esposa na atividade orgânica. O filho caçula, com 12 anos, está curado, apesar de algumas sequelas e a continuidade de diversas terapias, e o mais velho, Marcelo Henrique, 20, tem comércio na cidade. Do sítio em Jaguapitã, a família tem três alqueires de horta orgânica certificada pelo Tecpar com os seguintes itens: mandioca, milho, pepino, abobrinha, tomatinho pera, alface (crespa, lisa, roxa, americana), almeirão, rúcula, couve e cheiro verde.
Expectativa
Apesar de a certificação ter saído em abril, os produtores ainda vendem as hortaliças pelo mesmo preço dos convencionais. ''Estamos nos preparando para conseguir o selo para colocar nos saquinhos dos produtos e assim conseguir um melhor preço'', planeja Maria. A expectativa é que a família consiga 30% de aumento sobre o valor atual. Enquanto isso, eles vendem para supermercados de Jaguapitã e região e fazem feira aos domingos e feriados naquela cidade. ''Vendo a R$ 1 (o maço de folhagem) e tenho clientes fixos. O dia que atraso já tem fila'', conta.
A família ganha de R$ 100 a R$ 120 por feira e mais o que consegue tirar com a comercialização nos supermercados. O forte são as variedades de alface. Estão nos planos o aumento da produção e a contratação de mão de obra. Mas a falta de pessoal qualificado já preocupa Maria. ''Vou ter que preparar bem os funcionários. Para lidar com orgânico tem que ter dedicação e muito amor'', observa. Outra meta é buscar financiamento para a irrigação total da área, que custa cerca de R$ 25 mil - hoje apenas uma pequena parte é irrigada.
Fonte: Folha de Londrina
Maria Palma é a primeira produtora na região de Londrina a conseguir a certificação gratuita: ''Agora podemos ir atrás de quem valoriza os nossos produtos''
O processo de certificação pode demorar em média três meses; profissionais orientam os produtores
Custos elevados e falta de incentivo ao produtor e, consequentemente, preços altos e pouca variedade disponível ao consumidor. Problemas que emperram o crescimento do mercado de frutas, verduras e legumes orgânicos na região de Londrina podem estar com os dias contados. Os bons ventos vêm do Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos, cuja meta é fazer com que pequenos produtores consigam a certificação de sua produção a custo zero.
Financiado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) por meio das universidades estaduais do Estado do Paraná, do Fundo de Ciência e Tecnologia e do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), o programa pretende atingir em todo o Estado cerca de 300 produtores, dos quais 50 na região de Londrina. Entre esses, a primeira certificação acaba de sair para Maria Luiz Gomes Palma, 46 anos, proprietária de uma horta em Jaguapitã e de uma história de vida marcada por muita luta e determinação.
Assim como aqueles que não abrem mão de seus sonhos, Maria nunca perdeu a esperança de que um dia seu trabalho fosse reconhecido e ganhasse mercado. No ramo de hortaliças há quase 20 anos, a produtora começou a trabalhar aos poucos com a agricultura orgânica no início da década de 1990, mas entrou de cabeça na atividade quando seu filho caçula foi acometido por um grave problema de saúde.
Aos 3 anos de idade, Antonio Luiz Henrique desenvolveu paralisia dos membros e passou a ter diarréia e vômito diários. O garoto emagreceu ao extremo e chegou a ser desenganado, até que um médico deu a sentença: se a criança passasse a se alimentar de produtos naturais, sem nenhum tipo de conservante ou agrotóxico, poderia melhorar. Dona Maria - que anos antes tinha perdido uma filha com leucemia - não só seguiu à risca a orientação do doutor como mudou os rumos de sua atividade agrícola.
Na época, início de 2000, a família tinha acabado de herdar um sítio e a tentação de plantar soja era grande, pois o preço da oleaginosa estava disparado. ''Meu marido queria muito (investir em soja) e, por causa disso, pensei até em separação. Para mim, a agricultura orgânica era (e continua sendo) o único caminho para contribuir com a saúde do meu filho e de toda a população'', lembra.
Hoje, Elias Silveira Palma, 50 anos, abraçou a causa e é o braço-direito da esposa na atividade orgânica. O filho caçula, com 12 anos, está curado, apesar de algumas sequelas e a continuidade de diversas terapias, e o mais velho, Marcelo Henrique, 20, tem comércio na cidade. Do sítio em Jaguapitã, a família tem três alqueires de horta orgânica certificada pelo Tecpar com os seguintes itens: mandioca, milho, pepino, abobrinha, tomatinho pera, alface (crespa, lisa, roxa, americana), almeirão, rúcula, couve e cheiro verde.
Expectativa
Apesar de a certificação ter saído em abril, os produtores ainda vendem as hortaliças pelo mesmo preço dos convencionais. ''Estamos nos preparando para conseguir o selo para colocar nos saquinhos dos produtos e assim conseguir um melhor preço'', planeja Maria. A expectativa é que a família consiga 30% de aumento sobre o valor atual. Enquanto isso, eles vendem para supermercados de Jaguapitã e região e fazem feira aos domingos e feriados naquela cidade. ''Vendo a R$ 1 (o maço de folhagem) e tenho clientes fixos. O dia que atraso já tem fila'', conta.
A família ganha de R$ 100 a R$ 120 por feira e mais o que consegue tirar com a comercialização nos supermercados. O forte são as variedades de alface. Estão nos planos o aumento da produção e a contratação de mão de obra. Mas a falta de pessoal qualificado já preocupa Maria. ''Vou ter que preparar bem os funcionários. Para lidar com orgânico tem que ter dedicação e muito amor'', observa. Outra meta é buscar financiamento para a irrigação total da área, que custa cerca de R$ 25 mil - hoje apenas uma pequena parte é irrigada.
Fonte: Folha de Londrina
Gisele Mendonça
Reportagem Local
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